Se durante o nosso intercâmbio na Austrália e a
nossa viagem o tempo passou voando, em um piscar de olhos, o tempo aqui no
Brasil está passando tão rápido quanto, ou até mais.
Chegar é bom. Muito bom! Há uma sensação de dever
cumprido que toma conta de nós e agora é a hora de aproveitar, contar as
novidades, rever os amigos e família. Matar a saudade da velha vida!
Mas se alguém em algum momento disse que é fácil,
pode até estar falando a verdade, pois isso vai muito de cada um. E pra nós,
como foi esses primeiros dias? Melhor dividir em partes:
Estar de volta:
É bom estar de volta, mas ao mesmo tempo é
estranho. Tudo é velho, mas tudo é novo. A sensação é de estarmos nos intrometendo
na nossa própria vida. Parece que em algum ponto nos dividimos em dois. Diria
que no embarque para Austrália. Mas parece que aquela vida de antes não é mais
nossa, que é de um outro Érick e uma outra Thayane. E parece que estamos nos
intrometendo na vida dessas pessoas. Mas fato é que somos nós. E o difícil é
juntar o Érick e a Thayane de antes do embarque, com o Érick e a Thayane de
agora, com muita carga na mochila. A gente volta com uma cabeça nova,
diferente, ideias a flor da pele, querendo revolucionar o mundo. No entanto,
tudo por aqui está igual. Igual, igual, igual. Parece um filme de ficção
científica onde nós saímos e desbravamos o mundo durante 1 ano e por aqui o
tempo parou, esperando o nosso retorno.
A melhor coisa de estar de volta é matar a saudade
da família. Rever todo mundo depois de 1 ano longe não tem preço. Não adianta
escrever aqui porque essa sensação só vai descobrir quem um dia passar por
isso. Pai, mãe, tios, tias, primos, vós e os babys, que agora são 4. Foi uma
felicidade enorme ver que a família cresceu, conhecer os primos novos e rever o
nosso afilhado de 1 ano, que fez por diversas vezes a Thay chorar de saudade lá
na Austrália.
A parte mais engraçada talvez é voltar pra casa dos
pais, a Thay pra dela e eu pra minha. Um pra cada lado, para os nossos quartos
nas nossas casas. O nosso canto não é mais nosso. Agora a gente tem que entrar
no ritmo da casa de alguém, que não é a nossa propriamente dita. Complicado!
Bom ou ruim? Nem um, nem outro, apenas complicado.
E o custo de vida? Se alguém algum dia teve a
impressão de que a vida em Sydney é cara, é porque nunca morou em Caxias.
Enquanto pagávamos o básico (aluguel, comida e transporte) em apenas 2 dias de
trabalho da semana em Sydney, aqui não é bem assim. Fui ao mercado e fiquei
apavorado com as coisas. Onde estão as homebrands? Roupas então, só deve ter
milionário nessa cidade pra pagar o preço das coisas por aqui. E assim
continuamos no preço da gasolina, lazer, restaurante e por aí vai. Nem vou
falar então dos preços de imóveis e dos carros. Realmente, esse é um país pra
rico.
Comida:
Atrás da família e amigos, a comida é sem dúvida o
que sentíamos mais saudade. Pra matarmos essa saudade nossas mães organizaram
um almoço pro pessoal da família no domingo. O cardápio? Churrasco, galeto,
massa, salada, bolo, salgadinhos, docinhos e por aí vai. Tudo que sentíamos
saudade em praticamente um dia.
Mas e na hora de comer, cadê a fome? Por mais deliciosas que eram as coisas, o corpo logo dizia não. De repente é o fuso horário, mas é comer um prato e a já dá a sensação de estar cheio. Repetir é um grande esforço. E o mais engraçado é que todo mundo quer que a gente coma, e muito! Não teve uma pessoa nessas duas semanas que olhou pra mim e ficou sem dizer: “Como tu está magro!”. Não que eu comia mal na Austrália e na nossa trip, mas o fato de ter pego uma intoxicação alimentar na última semana de viagem realmente vez com que eu desse uma boa secada. Mas felizmente eu já fiquei melhor no segundo dia por aqui e comecei a recuperar os quilos perdidos, dentro do limite que o corpo e o fuso horário permitem.
Só pra ressaltar: pizza e xis, como de Caxias não há!
Mas e na hora de comer, cadê a fome? Por mais deliciosas que eram as coisas, o corpo logo dizia não. De repente é o fuso horário, mas é comer um prato e a já dá a sensação de estar cheio. Repetir é um grande esforço. E o mais engraçado é que todo mundo quer que a gente coma, e muito! Não teve uma pessoa nessas duas semanas que olhou pra mim e ficou sem dizer: “Como tu está magro!”. Não que eu comia mal na Austrália e na nossa trip, mas o fato de ter pego uma intoxicação alimentar na última semana de viagem realmente vez com que eu desse uma boa secada. Mas felizmente eu já fiquei melhor no segundo dia por aqui e comecei a recuperar os quilos perdidos, dentro do limite que o corpo e o fuso horário permitem.
Só pra ressaltar: pizza e xis, como de Caxias não há!
Trânsito:
Se a pouco eu disse que tudo está igual a quando
voltamos, uma coisa pode ter mudado, e pra pior... o trânsito! Realmente
dirigir em Caxias não é algo fácil, quem dirá seguro. Cada dia é uma grande
aventura. Tudo bem, no início foi um pouco complicado se acostumar a entrar no
lado certo da rua, não seguir a mão inglesa, mas isso não foi de perto às façanhas
que observamos diariamente pelas ruas daqui. Quanta saudade da organização e
estradas impecáveis que tínhamos na Austrália. E o transporte público todo o
dia em Sydney? Até saudade eu sinto. 131500.com.au faz falta. Ainda bem que não
dependemos do transporte público de Caxias, sendo que não é dos piores do
Brasil. E quem ousa reclamar do engarrafamento de Sydney quando o de Caxias é
ainda pior e uma população 10 vezes menor. Sem falar nos pedestres, que são
quase piores que os carros.
Mas dentro dessa loucura e desorganização da readaptação do trânsito caxiense uma coisa se faz engraçado. Atravessar a rua volta a ser um problema. Se foi por muito tempo em Sydney, volta a ser aqui em Caxias do Sul. Depois de se acostumar a olhar para o lado certo na Austrália, chegou a hora de se reacostumar a olhar para o lado certo por aqui. Confesso que em duas semanas já escapei algumas vezes de ser atropelado por olhar para o lado errado na hora de atravessar. Pelo jeito, esse é um vício que será superado na marra, pela nossa própria segurança.
Trabalho:
Depois de 4 meses de férias ainda temos a ousadia
de exigir um pouco mais de férias aqui no Brasil. Viajar por 3 meses e meio
cansa. Estamos realmente precisando de um descanso. Mas já estamos de olho no
mercado de trabalho. Não imaginei que eu conseguiria ficar 15 dias sem
trabalhar aqui, mas aconteceu. Como falei, esses 15 dias passaram voando. Já
deu pra dar uma olhada no mercado de trabalho por aqui, mas isso é algo que
ainda deve ser feito com mais calma. Por segurança, a minha moleza acaba
amanhã. Duas semanas de moleza e amanhã volto pra trás da escrivaninha, colocar
a mão na massa. A missão por agora é coordenar o escritório da Egali de Caxias
do Sul. Aproveitar mais uma experiência no exterior e ajudar a galera que tem o
sonho de morar fora. Enquanto isso a Thay já garantiu seu pão de cada dia
também e assume a loja do centro, será a responsável por fazer bombar a
Bellamalha da Julio de Castilhos. E pra variar, já fez eu gastar meu dinheiro
comprando camisa, calça, meia, etc.
Jiu Jitsu:
Sem dúvida que a parte mais dolorida da volta foi
entrar novamente no tatame. Por um lato, foi ótimo rever o Rodrigão, a Pati, a
galera toda e a gurizada que forma essa família. Mas a o corpo sentiu esse
retorno. Mesmo eu ter continuado os treinos de Jiu Jitsu em Sydney com o Thiago
Braga Fight Team (Roots) e continuando com atividades físicas durante os 103
dias de trip, a parte física nessas duas primeiras semanas pegou bastante.
Acredito que o fuso horário ajuda a complicar um pouco essa questão de
rendimento físico, porque mudam os horários de dormir, comer e etc. Assim como
a intoxicação alimentar fez com que eu ficasse muito fraco. Os dois juntos
fizeram com que o gás nos treinos se esgotasse em poucos minutos, assim como o
corpo dolorido no dia seguinte. Mas acredito que isso é questão de tempo, para
se reacostumar e entrar no ritmo. Quanto mais treinar, mais rápido isso vai
passar. E foi justamente isso que aproveitar pra fazer nessas duas primeiras
semanas: treinar bastante.
Encontro da galera de Sydney:
Essas duas semanas encerraram com chave de ouro!
Pelo menos já conseguimos matar um pouco da saudade de OZ. Esse final de semana
rolou o encontro da galera que morava em Sydney. Tentamos juntar toda galera
pra matar a saudade, colocar o papo em dia e dar muita risada lembrando das
histórias das nossas vidas juntas lá do outro lado do mundo.
Na sexta-feira chegaram diretamente de Porto Alegre
a Fer e o Alemão. Já aproveitamos pra jantar juntos e depois passar na Alameda,
pra dar um oi pro Doug. No dia seguinte, enquanto a Thay trabalhava, eu e o
Doug aproveitamos pra levar a Fer e o Alemão pra conhecer o Xis de Caxias do
Sul. Infelizmente o tempo de tarde não estava tão bom e não conseguimos fazer
muita coisa legal. De noite chegou o restante da galera: Fábio, Marlon, Mari,
Tiago, Cati e Adson.
O encontro não poderia ser em outro lugar que não a
Alameda
Pizzeria. A pizzaria mais famosa do Brasil e de Sydney!
Relembre do comercial feito pelo Doug diretamente da virada do ano em Sydney clicando aqui. Muito bom rever todo o pessoal e apreciar a melhor pizza da cidade!
Após a pizza, hora de relembrar os momentos das festas de Sydney! Nosso destino: Havana Café. Mais risadas e lembranças com essa galerinha nota 10!
Depois da festa, todo mundo devidamente distribuído nas casas do pessoal de Caxias.
E o dia seguinte foi para relembrar os BBQ
australianos. Juntamos todo o pessoal pra um almoço com direito a show acústico
de Tiago e Adson, os melhores cantores do Jambalaia Australiano. Aí sim!
Músicas e muitos papos recheados com risadas e mais risadas! Não tem preço
reunir novamente todo esse pessoal, lembrar dos dias em Sydney e ver que todo
mundo continua igual.
Desejamos sucesso a todos vocês! E que venham mais encontros!
Desejamos sucesso a todos vocês! E que venham mais encontros!
Saudade da Austrália:
É comprovado cientificamente que é necessário 3
meses para nos readaptarmos a nossa vida no Brasil. Nesses 3 primeiros meses
sofremos de homesick inversa. O sentimento contrário da saudade de casa. A
saudade imensa dessa vez é de onde estávamos. Parece mentira, mas a saudade vem
com tudo. A vontade de voltar vem a cada minuto. Depois de rever a família e
amigos e matar a saudade do pessoal a única coisa que fica na nossa cabeça é o
pensamento de voltar pra Austrália. Sim! A nossa vida é a de lá, pelo menos
isso que pensamos. Afinal, faz um ano que essa não é a minha vida. A minha vida
é em Sydney. O meu trabalho, amigos, casa, festas, finais de semana, tudo está
lá. O meu dia está lá.
Já é a terceira vez que eu volto pro Brasil, mas
nunca estive tanto tempo fora. Já tenho um pouco de experiência, mas ainda assim
é difícil se acostumar. Se eu disse que é fácil, estarei mentindo. Pra Thay
então, a saudade da Austrália é ainda maior, assim como a vontade de voltar.
No entanto, há algo que precisamos evitar, que é
esse eterno descontentamento com a vida daqui. Se tem algo que eu não gosto é
das pessoas que ficam aqui, reclamando toda hora, pensando sempre em como seria
a vida lá. Portanto, como decidimos voltar, que a gente erga a cabeça e encare
essa vida, afinal foi essa a nossa escolha. 2 semanas é pouco tempo pra
realmente entender e aceitar o aqui, mas caso realmente a gente perceba que a
nossa vida é lá, arrumamos as nossas malas e tocamos a nossa vida rumo a terra
do canguru. Viveremos onde acreditaremos ser a melhor opção pra nós. Afinal,
hoje o mundo está cada vez menor na sua distância. Nada impede de vivermos lá,
como tantos amigos já fazem. Assim como nada impede de sermos felizes por aqui.
Mas o que eu quero é sempre levar comigo esse um
ano. Que essa experiência na Austrália faça a minha vida melhor. Que todo dia
eu possa acordar e lembrar de ser feliz e que uma vida boa é uma vida simples,
com aquilo que nos faz feliz. Eu espero que eu nunca esqueça de respeitar os
outros, por mais diferentes que eles sejam e que a felicidade é uma onda no
mar, um final de semana de sol, um picnic no parque na sexta-feira depois do
expediente. Que eu não inverta os valores e nunca troque uma tarde com os
amigos por uma calça da moda. Que um churrasco de domingo com a família não
venha a ser menos importante do que os outros pensam de mim pelo que eu tenho,
visto ou aparento ter.
Enfim, que eu possa encarar a minha vida aqui no
Brasil com tudo de bom que eu tive na Austrália! Que os meus amigos de lá,
continuem sendo amigos pra vida inteira e mesmo vendo eles poucas vezes, que
sejam vezes inesquecíveis como foram nesse um ano. Espero ter o meu canto,
mesmo que simples, mas recheado de alegria, com cafés da manhã que antecedem um
domingo de sol e felicidade. Que o dia de chuva seja aproveitado pra ficar em
casa, descansar, ver um filme, ler e aproveitar justamente esse momento de não
ter nada pra fazer. Que a nossa vida seja um pouco ozzy, sem preocupações e
valorizando aquilo que merece ser valorizado: os momentos que nos fazem
felizes!
OZZY OZZY OZZY...
OI OI OI!!!
Li seu texto Érik e fiquei realmente emocionado, fim do ano estarei realizando minha viagem para Sydnei junto com os meus parceiros Micael, João e Diego, sem duvidas será uma viagem inesquecivel, esse seu pequeno texto foi bem importantes para min, me fez refletir, parabéns pelo texto, espero conseguir crescer como pessoa do mesmo jeito que você cresceu. Abraço Antoni Maurina.
ResponderExcluirObrigado Antoni!
ResponderExcluirEspero que vocês aproveitem bastante Sydney e as dicas do blog pras viagens que forem fazer por lá.
Abraços!