Do dia 02 de Junho a 12 de Setembro de 2012 realizamos o que chamamos de TRIP OF LIFE. Juntos, Érick Luchtemberg e Thayane Pezzi, nos aventuramos em uma viagem de 103 DIAS pela: Austrália, Nova Zelândia, Fiji, Indonésia, Tailândia, Laos, Malásia, Vietnam e Camboja. Relatamos cada momento que passamos e diversas dicas para quem futuramente deseja seguir alguns dos nossos passos.

Enjoy it!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Day # 82 - Vietnam

Acordamos cedo e fomos tomar o café da manhã, antes mesmo de acabarmo de comer já chegou o nosso pick up para visitar os Cu Chi Tunnels. Acabamos rápido e fomos até o ônibus. Fomos os primeiros a serem pegos e em seguida o ônibus fez outras paradas para pegar mais pessoas. O ônibus não saiu do diâmetro de 10 quadras em relação ao nosso hotel, mas demorou mais de 1 hora para pegar todo mundo. Depois que o ônibus encheu seguimos para um lugar onde teríamos que trocar de ônibus. Trocamos de ônibus e precisava pegar só mais uma pessoa no caminho pros túneis. Pegamos essa pessoa mas logo o guia avisou que tinha que esperar ainda mais duas pessoas que a agência delas tinha esquecido de bookar o passeio delas e ligou pra ver se o ônibus poderia esperar por elas. O guia tava um pouco indignado com a situação, pediu desculpa e disse que as vezes rola imprevistos que fogem do controle dele. Nos chamou a atenção que ele comentou que ganha apenas 7 dólares por dia.

Breakfast.

Depois de quase 2 horas pegando e esperando gente partimos para os Cu Chi Tunnels, que ficam uns 90 minutos de Ho Chi Minh City. No caminho o guia explicou algumas coisas e falou que após 1975 era proibido aprender inglês no Vietnam, que as pessoas poderíam aprender apenas a língua de Cuba e da Russia. Nessa hora entendemos o motivo dos menus em russo em Nha Trang. O guia falou que ele sabia inglês por causa da mãe dele, que na guerra era do lado do Vietnam que apoiava os Estados Unidos.

Em relação a guerra, explicando rapidamente: o Vietnam era dominado pela França. O Vietnam conseguiu a sua independência, mas alguns anos depois a França, juntamente com os EUA, voltaram ao Vietnam para “libertar” a população da ditadura comunista. O Vietnam era então dividido em Vietnam do Sul, que era a favor da França e EUA, e o Vietnam do Norte, que eram os comunistas.


Na época, Camboja e Laos eram aliados do Vietnam. Os três países são conhecidos como Indochina. Ele explicou que esses dois países que fazem fronteira com o Vietnam são conhecidos como vizinhos amigos. Que a China também faz fronteira, mas não é tão amiga assim como o Laos e Camboja.

Um pouco antes de chegar em Cu Chi o guia já recolheu os VND 90,00 de cada um para ir comprar o ingressos pra todo mundo na chegada. Entramoos e primeiro o guia nos deu uma palestra para explicar um pouco melhor aquela região. Ele explicou como surgiu a idéia dos túneis e que aquela região era uma base comunista, muito forte contra os EUA. Além disso, bem próximo dali havia uma base dos EUA. E o engraçado é que um dos túneis ia até essa base.



Os túneis eram divididos em 3 níveis. O primeiro nível, onde tinha a cozinha entre outras áreas, tinha de 4 a 6 metros de profundidade. O segundo nível, de 6 a 10 metros de profundidade, eram como se fossem quartos, onde as mulheres e crianças costumavam ficar. O nivel 3 era mais frequentado pelos gorillas, como eram conhecidos os soldados.

É realmente incrível a estrutura e todos os detalhes que eles pensaram. Realmente é necessário vir conhecer pessoalmente para entender melhor como funcionava. Os túneis também tinham armadilhas, para o caso dos soldados inimigos entrarem. Em alguns lugares, por exemplo, havia um grande poço de água, onde quem não conhecia poderia cair e não conseguiria sair. Além disso, os túneis tinham sistema de ventilação e caso algum túnel fosse dominado pelos inimigos, eles trancavam a ventilação e eles morriam sufocados. Realmente é muito interessante e inteligente.

Maquete dos túneis.

Depois da palestra rolou um vídeo com imagens da guerra e uma rápida parada para conhecer uma das armadilhas feitas pelos soldados do Vietnam. É uma armadilha usada para pegar um número grande de soldados inimigos, que ao chegar na posição correta começavam a balançar e caíam em fendas enterradas em um buraco. Era uma armadilha para pegar cerca de 6 soldados.


Depois fomos ver uma entrada que os gorillas usavam pra se esconder na guerra. Era uma entrada camuflada e bem apertada. Quando os soldados inimigos se aproximavam, ele corriam pra lá, entravam no túnel e os soldados não conseguiam achar eles. Eu aproveitei pra conferir como é e entrei ali no túnel. Não segui pelo tunel, apenas ali na entrada. Já dava pra perceber alguns detalhes bem inteligentes. Pra entrar no tunel, pra poder fechar é necessário pegar a tampa com as duas mãos em baixo, para que na hora de se abaixar consiga fazer com que a tampa encaixe bem certo no espaço.



A terceira parada foi uma entrada de túnel bem importante na época da guerra. Conforme a foto abaixo, o túnel da esquerda saia no Mekong, enquanto o túnel da direita dava na Base dos EUA.

Mekong <=l  l=> Base dos EUA
O túnel.

Seguindo haviam dois manequins mostrando como se vestiam os gorillas na guerra e explicando o motivo da roupa e acessórios, tudo com alguma finalidade. Além disso ele explicou que “Vietcongs”, ou “VC”, era como os americanos chamavam os soldados do Vietnam do Norte. No entanto, eles os chamavam de “National Liberation Front”. Chamá-los de Vietcongs pode ser considerado uma ofensa.


Em seguida tivemos uma rápida parada para dar uma olhada em uma das saídas que servia como ventilação para os túneis.


Outra parada muito interessante foi a parte das armadilhas. O guia mostrou uma série de armadilhas que eram usadas contra os soldados inimigos. Todas elas muito bem pensadas, especialmente pela falta de recursos bélicos. Interessante ver que cada detalhe era pensado. A maioria delas eram armadilhas através de buracos camuflados. Mas também haviam algumas para soldados que fossem invadir as casas, por exemplo.





A essa altura já estávamos derretendo de tanto calor. A dica é não esquecer de levar uma garrafa de água, pois é muito quente e abafado. No final estava difícil até de ficar em pé. Até que chegamos finalmente em um lugar onde pudemos comprar algo para comer e nos refrescar. A parada na realidade é para quem deseja atirar com M16, AK47, entre outras armas. Nós aproveitamos para comer um milho, tomar um refri e um sorvete.


Os preços.
As armas.

Uns 15 minutos por ali e em seguida vimos como são feitas as folhas de arroz. Seguimos o caminho e vimos uma cratera formada por uma bomba lançada no tempo da guerra.



Na parada seguinte o guia nos mostrou como eram as sandálias dos gorillas. Eram feitas de borrachas, a maior parte delas vindas dos pneus de tanques, entre outros carros inimigos. Como eu comentei, tudo eles aproveitavam, desde o ferro dos tanques que eles abatiam até esses pedaços de borracha. Mas o mais interessante das sandálias é que eles faziam elas com a forma ao contrário. Nesse caso, as pegadas ficavam para o lado oposto ao que eles estavam caminhando. Esse era o principal motivo que a maioria das vezes o exército dos EUA era atacado pro trás.


A parada seguinte foi a mais legal de todas, pelo menos pra mim. Tivemos a oportunidade de entrar nos tuneis que foram utilizados na guerra. A Thayane achou melhor não entrar. Na frente foi um soldado e em seguida algumas pessoas do grupo. Entramos, na primeira parte e logo um por um foi seguindo nos tuneis. Os tuneis são apertados, tem que ficar toda hora agachado. Mesmo assim, eles foram alargados para fins turisticos. Eu entrei e logo verifiquei que tem várias saídas e tuneis alternativos no meio do caminho. Quando me dei conta não tinha mais ninguém, pois acredito que todos pegaram a saída. Chegaram mais duas pessoas e eu segui em frente, pra poder ir no nível 2. Um pouco mais pra frente havia um buraco que dava pra um tunnel mais baixo do que já estávamos. Desci e segui me arrastando. Confesso que dá um pouco de pavor, principalmente por não ter noção onde vai dar. Segui em frente, pois não tinha outro alternativa. Logo encontrei uma saída. Saí de dentro lavado, de tanto calor. Realmente foi uma solução bem inteligente por parte deles, apesar de não ser nada confortável. E realmente era um grande desafio para quem não conhecia entrar nos tuneis, fora as armadilhas e barreiras que ainda tinham na época da guerra. O guia comentou que os soldados dos EUA, antes de entrar nos tuneis, sempre mandavam um vietnamita do sul na frente.



Literalmente uma luz no fim do túnel.

A última parada foi pra comer tapioca. Falamos pro guia que éramos brasileiros e que era comum no Brasil. Ele ficou bem feliz e disse que realmente era uma comida originária do Brasil. Na hora de apresentar pro grupo a comida, ele cometou que era bem popular na época pois era uma alternativa ao arroz e disse que era do Brasil e disse pra todo mundo que tinham brasileiros no grupo e apontou pra gente.

Tapioca. Ou como conhecemos: aipim.

Em seguida fomos no Ben Thanh Market. Um pouco antes de sairmos começou a chover e pegamos um guarda chuva emprestado do hotel. Aproveitei também e fui em um ATM do Commonwealth fazer um saque. No entanto, quando cloquei pra começar a tela ficou azul, com escritos em verde, parecendo aqueles sistemas de código de computador. Meio que adivinhando o que fazer consegui fazer o saque desejado. Fomos até o Market pra comprar os presentes. Não dá pra andar muito tranquilo, sem ouvir toda hora “Miiss, have a look miiss!” ou “Pleease, buy something!”. Tentamos ser educados, agradecendo e seguindo nosso caminho, mas as vezes tem que falar umas 3 vezes “No, thanks!”. E na hora da compra a velha barganha jogando, muitas vezes, menos da metade do preço. Eu consegui todos os presentes da minha lista, já a Thayane é muito chata e não conseguiu quase nada da dela. Deixou para o Night Market.




Quando estávamos voltando pro hotel, paramos em uma esquina pra atravessar a rua quando parou 2 motos na nossa frente. Quando vimos eram os 3 guris da África do Sul que conhecemos no barco de Nha Trang. Falamos que eles eram loucos de alugar moto naquele trânsito. Eles também estavam indo pro Water Puppet Show e até ofereceram uma carona. No entanto estávamos com as sacolas e achamos melhor não enfrentar o trânsito de HCMC em uma moto.

Deixamos as coisas no hotel e seguimos até o local do show, que fica uns 15 minutos caminhando. O bom que já não estava mais chovendo. Chegamos no show e a Thayane teve uma surpresa, que era um show de bonecos. Isso mesmo, é um show de bonecos com um chão de água. Não é Puppy Show e não tem nada a ver com filhotes de carrocho ou gato, como a Thayane havia imaginado.


Chegamos e nossos lugares era quase na última fileira. Achamos que não ia dar pra ver o show, mas quando começou deu pra ver tranquilamente. O show é interessante, principalmente pelo fato de ser algo típico do Vietnam. Se não fosse isso, não sei o quanto interessante seria. Pois são bonecos, com sons ou falas na língua deles, que são controlados por pessoas que ficam escondidas e mostram situações típicas deles, em um chão de água.




Quando saímos do show caía muita água do céu. Chovia muito! Não tinha a menor chance de irmos pro hotel caminhando sem chegar lá extremamente molhados. Ficamos esperando ver se a chuva passava. Nisso encontramos os guris da África do Sul de novo, que estavam indo ver a próxima apresentação, pois haviam chegado atrasados na anterior.


Ficamos ali esperando e a chuva não deu trégua. Resolvemos pegar um taxi até a loja do vestido da Thay. Por sorte o nosso voo será apenas amanhã de tarde, pois o vestido ficou justo demais e precisará ser ajustado novamente.


Saímos de lá e fomos em um restaurante quase em frente, pois a chuva tinha diminuido. Jantamos e na hora de sair quase nem tinha mais chuva. Fomos caminhando até o Night Market, que quase não tinha nada devido ao mal tempo. Quase nenhuma banquinha aberta. A Thay ficou louca, pois tinha todos os presentes pra comprar.

Seguimos então pro hotel e curtimos um sono com o barulho da chuva de fundo.



Algumas dicas para quem quer viajar no Vietnam:
  1. Halong Bay é algo que não pode ficar de fora. Há diversos tours, mas a maioria deles precisa dormir uma noite no barco. Se estiver no Hanoi Backpackers, não indico comprar outro que não seja o próprio tour deles. Pois eles cobram mais do que o valor normal.
  2. A maneira mais confortável de viajar pelo país é de trem. Apesar de ser mais cara do que viajar de ônibus. No entanto, os trens respeitam o horário marcado, com alguns atrasos. Viajar de ônibus pode ser uma grande aventura, além de não ter um horário certo para completar o percurso, frente as inúmeras paradas não programadas que os motoristas podem decidir fazer. Os tickets de trem podem ser comprados direto nas estações, mas é bom garantir com alguma antecedência, pois os soft berths podem lotar rapidamente.
  3. Se você falar com as pessoas que foram pro Vietnam, vão dizer que Hoi An é o melho lugar de todos. Não concordo, mas é realmente uma cidade que vale a pena conferir. A cidade é muito pequena e um dia é mais do que o suficiente para conhecer tudo e mais um pouco. Se quiser conferir como é a cidade a noite, aproveite para dormir uma noite por lá. Além disso, ficar uma noite pode ser necessária para o caso de encomendar um terno ou vestido, que costumam ser feitos sob medida no prazo de 24 horas e no modelo que você desejar. A parada mais próxima de trem é Da Nang, que fica aproximadamente 30 km de Hoi An.
  4. Nha Trang foi a cidade que mais gostamos no Vietnam. É uma ótima cidade pra relaxar um pouco. 3 dias é um tempo bom para fazer as principais atividades da cidade, como Vinpearl Land e os passeios de barco pelas ilhas. A melhor opção de acomodação budget na cidade é o Truong Giang Hotel. Sem dúvida o hotel com o melhor custo-benefício da viagem até agora. Um serviço de tirar o chapéu!
  5. Ho Chi Minh City é o local onde você pode conferir um pouco melhor o que foi a Guerra do Vietnam. Os dois principais lugares a serem visitados é o Museu da Guerra e os Cu Chi Tunnels. Os túneis são imperdíveis!
  6. Não dê muita bola para fila. Estamos acostumados a esperar a nossa vez checar, mas para o pessoal local a fila não é muito imporante. Eles vão se enfiando na frente e não estão nem aí. Algo que parece ser cultural. Não fique brabo e entre no jogo. Vá se metendo também, ou vai ficar o dia inteiro esperando.
  7. Vale a pena experimentar o BBQ típico do Vietnam. Você mesmo é quem prepara a sua carne, pois há uma espécie de grelha na mesma. Uma boa opção é o Barbecue Garden, em Ho Chi Minh City.


103 Dias na Telinha...


















Nenhum comentário:

Postar um comentário