Acordamos cedo e fomos tomar o café da manhã, antes
mesmo de acabarmo de comer já chegou o nosso pick up para visitar os Cu Chi
Tunnels. Acabamos rápido e fomos até o ônibus. Fomos os primeiros a serem pegos
e em seguida o ônibus fez outras paradas para pegar mais pessoas. O ônibus não
saiu do diâmetro de 10 quadras em relação ao nosso hotel, mas demorou mais de 1
hora para pegar todo mundo. Depois que o ônibus encheu seguimos para um lugar
onde teríamos que trocar de ônibus. Trocamos de ônibus e precisava pegar só
mais uma pessoa no caminho pros túneis. Pegamos essa pessoa mas logo o guia
avisou que tinha que esperar ainda mais duas pessoas que a agência delas tinha
esquecido de bookar o passeio delas e ligou pra ver se o ônibus poderia esperar
por elas. O guia tava um pouco indignado com a situação, pediu desculpa e disse que as vezes rola imprevistos que fogem do controle dele. Nos chamou a atenção que ele comentou que ganha apenas 7 dólares por dia.
Breakfast. |
Depois de quase 2 horas pegando e esperando gente
partimos para os Cu Chi Tunnels, que ficam uns 90 minutos de Ho Chi Minh City.
No caminho o guia explicou algumas coisas e falou que após 1975 era proibido
aprender inglês no Vietnam, que as pessoas poderíam aprender apenas a língua de
Cuba e da Russia. Nessa hora entendemos o motivo dos menus em russo em Nha
Trang. O guia falou que ele sabia inglês por causa da mãe dele, que na guerra
era do lado do Vietnam que apoiava os Estados Unidos.
Em relação a guerra, explicando rapidamente: o
Vietnam era dominado pela França. O Vietnam conseguiu a sua independência, mas
alguns anos depois a França, juntamente com os EUA, voltaram ao Vietnam para
“libertar” a população da ditadura comunista. O Vietnam era então dividido em
Vietnam do Sul, que era a favor da França e EUA, e o Vietnam do Norte, que eram
os comunistas.
Na época, Camboja e Laos eram aliados do Vietnam.
Os três países são conhecidos como Indochina. Ele explicou que esses dois
países que fazem fronteira com o Vietnam são conhecidos como vizinhos amigos.
Que a China também faz fronteira, mas não é tão amiga assim como o Laos e
Camboja.
Um pouco antes de chegar em Cu Chi o guia já
recolheu os VND 90,00 de cada um para ir comprar o ingressos pra todo mundo na
chegada. Entramoos e primeiro o guia nos deu uma palestra para explicar um
pouco melhor aquela região. Ele explicou como surgiu a idéia dos túneis e que
aquela região era uma base comunista, muito forte contra os EUA. Além disso,
bem próximo dali havia uma base dos EUA. E o engraçado é que um dos túneis ia
até essa base.
Os túneis eram divididos em 3 níveis. O primeiro
nível, onde tinha a cozinha entre outras áreas, tinha de 4 a 6 metros de
profundidade. O segundo nível, de 6 a 10 metros de profundidade, eram como se
fossem quartos, onde as mulheres e crianças costumavam ficar. O nivel 3 era
mais frequentado pelos gorillas, como eram conhecidos os soldados.
É realmente incrível a estrutura e todos os
detalhes que eles pensaram. Realmente é necessário vir conhecer pessoalmente
para entender melhor como funcionava. Os túneis também tinham armadilhas, para
o caso dos soldados inimigos entrarem. Em alguns lugares, por exemplo, havia um
grande poço de água, onde quem não conhecia poderia cair e não conseguiria
sair. Além disso, os túneis tinham sistema de ventilação e caso algum túnel
fosse dominado pelos inimigos, eles trancavam a ventilação e eles morriam
sufocados. Realmente é muito interessante e inteligente.
Maquete dos túneis. |
Depois
da palestra rolou um vídeo com imagens da guerra e uma rápida parada para
conhecer uma das armadilhas feitas pelos soldados do Vietnam. É uma armadilha
usada para pegar um número grande de soldados inimigos, que ao chegar na
posição correta começavam a balançar e caíam em fendas enterradas em um buraco.
Era uma armadilha para pegar cerca de 6 soldados.
Depois fomos ver uma entrada que os gorillas usavam
pra se esconder na guerra. Era uma entrada camuflada e bem apertada. Quando os
soldados inimigos se aproximavam, ele corriam pra lá, entravam no túnel e os
soldados não conseguiam achar eles. Eu aproveitei pra conferir como é e entrei
ali no túnel. Não segui pelo tunel, apenas ali na entrada. Já dava pra perceber
alguns detalhes bem inteligentes. Pra entrar no tunel, pra poder fechar é
necessário pegar a tampa com as duas mãos em baixo, para que na hora de se
abaixar consiga fazer com que a tampa encaixe bem certo no espaço.
A terceira parada foi uma entrada de túnel bem
importante na época da guerra. Conforme a foto abaixo, o túnel da esquerda saia
no Mekong, enquanto o túnel da direita dava na Base dos EUA.
Mekong <=l l=> Base dos EUA |
O túnel. |
Seguindo haviam dois manequins mostrando como se
vestiam os gorillas na guerra e explicando o motivo da roupa e acessórios, tudo
com alguma finalidade. Além disso ele explicou que “Vietcongs”, ou “VC”, era
como os americanos chamavam os soldados do Vietnam do Norte. No entanto, eles
os chamavam de “National Liberation Front”. Chamá-los de Vietcongs pode ser
considerado uma ofensa.
Em seguida tivemos uma rápida parada para dar uma
olhada em uma das saídas que servia como ventilação para os túneis.
Outra parada muito interessante foi a parte das
armadilhas. O guia mostrou uma série de armadilhas que eram usadas contra os
soldados inimigos. Todas elas muito bem pensadas, especialmente pela falta de
recursos bélicos. Interessante ver que cada detalhe era pensado. A maioria
delas eram armadilhas através de buracos camuflados. Mas também haviam algumas
para soldados que fossem invadir as casas, por exemplo.
A
essa altura já estávamos derretendo de tanto calor. A dica é não esquecer de
levar uma garrafa de água, pois é muito quente e abafado. No final estava difícil
até de ficar em pé. Até que chegamos finalmente em um lugar onde pudemos
comprar algo para comer e nos refrescar. A parada na realidade é para quem
deseja atirar com M16, AK47, entre outras armas. Nós aproveitamos para comer um
milho, tomar um refri e um sorvete.
Os preços. |
As armas. |
Uns 15 minutos por ali e em seguida vimos como são
feitas as folhas de arroz. Seguimos o caminho e vimos uma cratera formada por
uma bomba lançada no tempo da guerra.
Na parada seguinte o guia nos mostrou como eram as
sandálias dos gorillas. Eram feitas de borrachas, a maior parte delas vindas
dos pneus de tanques, entre outros carros inimigos. Como eu comentei, tudo eles
aproveitavam, desde o ferro dos tanques que eles abatiam até esses pedaços de
borracha. Mas o mais interessante das sandálias é que eles faziam elas com a
forma ao contrário. Nesse caso, as pegadas ficavam para o lado oposto ao que
eles estavam caminhando. Esse era o principal motivo que a maioria das vezes o
exército dos EUA era atacado pro trás.
A parada seguinte foi a mais legal de todas, pelo
menos pra mim. Tivemos a oportunidade de entrar nos tuneis que foram utilizados
na guerra. A Thayane achou melhor não entrar. Na frente foi um soldado e em
seguida algumas pessoas do grupo. Entramos, na primeira parte e logo um por um
foi seguindo nos tuneis. Os tuneis são apertados, tem que ficar toda hora
agachado. Mesmo assim, eles foram alargados para fins turisticos. Eu entrei e
logo verifiquei que tem várias saídas e tuneis alternativos no meio do caminho.
Quando me dei conta não tinha mais ninguém, pois acredito que todos pegaram a
saída. Chegaram mais duas pessoas e eu segui em frente, pra poder ir no nível
2. Um pouco mais pra frente havia um buraco que dava pra um tunnel mais baixo
do que já estávamos. Desci e segui me arrastando. Confesso que dá um pouco de
pavor, principalmente por não ter noção onde vai dar. Segui em frente, pois não
tinha outro alternativa. Logo encontrei uma saída. Saí de dentro lavado, de
tanto calor. Realmente foi uma solução bem inteligente por parte deles, apesar
de não ser nada confortável. E realmente era um grande desafio para quem não
conhecia entrar nos tuneis, fora as armadilhas e barreiras que ainda tinham na
época da guerra. O guia comentou que os soldados dos EUA, antes de entrar nos
tuneis, sempre mandavam um vietnamita do sul na frente.
Literalmente uma luz no fim do túnel. |
A última parada foi pra comer tapioca. Falamos pro
guia que éramos brasileiros e que era comum no Brasil. Ele ficou bem feliz e
disse que realmente era uma comida originária do Brasil. Na hora de apresentar
pro grupo a comida, ele cometou que era bem popular na época pois era uma
alternativa ao arroz e disse que era do Brasil e disse pra todo mundo que
tinham brasileiros no grupo e apontou pra gente.
Tapioca. Ou como conhecemos: aipim. |
Em seguida fomos no Ben Thanh Market. Um pouco
antes de sairmos começou a chover e pegamos um guarda chuva emprestado do
hotel. Aproveitei também e fui em um ATM do Commonwealth fazer um saque. No
entanto, quando cloquei pra começar a tela ficou azul, com escritos em verde,
parecendo aqueles sistemas de código de computador. Meio que adivinhando o que
fazer consegui fazer o saque desejado. Fomos até o Market pra comprar os
presentes. Não dá pra andar muito tranquilo, sem ouvir toda hora “Miiss, have a
look miiss!” ou “Pleease, buy something!”. Tentamos ser educados, agradecendo e
seguindo nosso caminho, mas as vezes tem que falar umas 3 vezes “No, thanks!”.
E na hora da compra a velha barganha jogando, muitas vezes, menos da metade do
preço. Eu consegui todos os presentes da minha lista, já a Thayane é muito
chata e não conseguiu quase nada da dela. Deixou para o Night Market.
Quando estávamos voltando pro hotel, paramos em uma
esquina pra atravessar a rua quando parou 2 motos na nossa frente. Quando vimos
eram os 3 guris da África do Sul que conhecemos no barco de Nha Trang. Falamos
que eles eram loucos de alugar moto naquele trânsito. Eles também estavam indo
pro Water Puppet Show e até ofereceram uma carona. No entanto estávamos com as
sacolas e achamos melhor não enfrentar o trânsito de HCMC em uma moto.
Deixamos as coisas no hotel e seguimos até o local
do show, que fica uns 15 minutos caminhando. O bom que já não estava mais
chovendo. Chegamos no show e a Thayane teve uma surpresa, que era um show de
bonecos. Isso mesmo, é um show de bonecos com um chão de água. Não é Puppy Show
e não tem nada a ver com filhotes de carrocho ou gato, como a Thayane havia
imaginado.
Chegamos e nossos lugares era quase na última
fileira. Achamos que não ia dar pra ver o show, mas quando começou deu pra ver
tranquilamente. O show é interessante, principalmente pelo fato de ser algo
típico do Vietnam. Se não fosse isso, não sei o quanto interessante seria. Pois
são bonecos, com sons ou falas na língua deles, que são controlados por pessoas
que ficam escondidas e mostram situações típicas deles, em um chão de água.
Quando saímos do show caía muita água do céu.
Chovia muito! Não tinha a menor chance de irmos pro hotel caminhando sem chegar
lá extremamente molhados. Ficamos esperando ver se a chuva passava. Nisso
encontramos os guris da África do Sul de novo, que estavam indo ver a próxima
apresentação, pois haviam chegado atrasados na anterior.
Ficamos ali esperando e a chuva não deu trégua.
Resolvemos pegar um taxi até a loja do vestido da Thay. Por sorte o nosso voo
será apenas amanhã de tarde, pois o vestido ficou justo demais e precisará ser
ajustado novamente.
Saímos de lá e fomos em um restaurante quase em
frente, pois a chuva tinha diminuido. Jantamos e na hora de sair quase nem
tinha mais chuva. Fomos caminhando até o Night Market, que quase não tinha nada
devido ao mal tempo. Quase nenhuma banquinha aberta. A Thay ficou louca, pois
tinha todos os presentes pra comprar.
Seguimos então pro hotel e curtimos um sono com o
barulho da chuva de fundo.
Algumas dicas para quem quer viajar no Vietnam:
- Halong Bay é algo que não pode ficar de fora. Há diversos tours, mas a maioria deles precisa dormir uma noite no barco. Se estiver no Hanoi Backpackers, não indico comprar outro que não seja o próprio tour deles. Pois eles cobram mais do que o valor normal.
- A maneira mais confortável de viajar pelo país é de trem. Apesar de ser mais cara do que viajar de ônibus. No entanto, os trens respeitam o horário marcado, com alguns atrasos. Viajar de ônibus pode ser uma grande aventura, além de não ter um horário certo para completar o percurso, frente as inúmeras paradas não programadas que os motoristas podem decidir fazer. Os tickets de trem podem ser comprados direto nas estações, mas é bom garantir com alguma antecedência, pois os soft berths podem lotar rapidamente.
- Se você falar com as pessoas que foram pro Vietnam, vão dizer que Hoi An é o melho lugar de todos. Não concordo, mas é realmente uma cidade que vale a pena conferir. A cidade é muito pequena e um dia é mais do que o suficiente para conhecer tudo e mais um pouco. Se quiser conferir como é a cidade a noite, aproveite para dormir uma noite por lá. Além disso, ficar uma noite pode ser necessária para o caso de encomendar um terno ou vestido, que costumam ser feitos sob medida no prazo de 24 horas e no modelo que você desejar. A parada mais próxima de trem é Da Nang, que fica aproximadamente 30 km de Hoi An.
- Nha Trang foi a cidade que mais gostamos no Vietnam. É uma ótima cidade pra relaxar um pouco. 3 dias é um tempo bom para fazer as principais atividades da cidade, como Vinpearl Land e os passeios de barco pelas ilhas. A melhor opção de acomodação budget na cidade é o Truong Giang Hotel. Sem dúvida o hotel com o melhor custo-benefício da viagem até agora. Um serviço de tirar o chapéu!
- Ho Chi Minh City é o local onde você pode conferir um pouco melhor o que foi a Guerra do Vietnam. Os dois principais lugares a serem visitados é o Museu da Guerra e os Cu Chi Tunnels. Os túneis são imperdíveis!
- Não dê muita bola para fila. Estamos acostumados a esperar a nossa vez checar, mas para o pessoal local a fila não é muito imporante. Eles vão se enfiando na frente e não estão nem aí. Algo que parece ser cultural. Não fique brabo e entre no jogo. Vá se metendo também, ou vai ficar o dia inteiro esperando.
- Vale a pena experimentar o BBQ típico do Vietnam. Você mesmo é quem prepara a sua carne, pois há uma espécie de grelha na mesma. Uma boa opção é o Barbecue Garden, em Ho Chi Minh City.
103 Dias na Telinha...
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