O
nosso destino hoje foi Haleiwa, em North Shore. No caminho cruzamos com 3
guardar com controle de velocidade, felizmente estávamos indo dentro do limite e não tomamos nenhuma multa. Mas é bom saber que eles ficam em
cima, porque eventualmente andamos acima do máximo permitido e nem percebemos,
porque nas highways tem várias pistas e asfalto de qualidade.
Chegamos
e a praia já estava com ondas maiores em relação a sábado, mas o mar estava bem
mexido.
Como
já passei aqui, no roteiro dessa trip estava programado um passeio de
helicóptero sobrevoando a ilha de Oahu. Porém, acabou não rolando porque o helicóptero em
questão se envolveu em um acidente e os voos foram cancelados. Assim ia por água
abaixo um dos highlights da nossa viagem, um mix de aventura com apreciação do
ápice da beleza local.
Esse
passeio havia sido contratado pelo Groupon, então resolvi dar uma conferida no
site se não havia alguma outra atração que pudéssemos substituir o passeio
cancelado. Nada chamava muito a minha atenção até ler a seguinte oferta:
Shark-Cage Diving Encounter. E o primeiro pensamento foi: Por que não? Comecei
a ler as reviews e todo mundo indicava o passeio, como uma experiência
completa, com uma pitada de adrenalina, bastante conscientização e garantia de
satisfação.
Há
algum tempo eu e a Thay optamos por não participar de passeios envolvendo
animais. Não queremos incentivar o turismo que se baseia na exploração da
fauna. Não julgamos quem o faz, até porque já participamos anteriormente em
várias ocasiões. Apenas decidimos evitar daqui em diante. De qualquer maneira,
esse caso era diferente, os presos na história toda são os humanos. E fui
buscando mais informações onde constava que a prática em questão não afeta o
ecossistema.
Apesar
de ser um programa familiar, conforme os comentários de quem já foi, incluindo
a participação de muitas crianças, a Thay decidiu esperar na praia. Não queria
correr nenhum risco. Já eu mergulhei, literalmente, nessa aventura e resolvi ir
olhar de perto um dos animais mais temidos pelo ser humano.
O
passeio é promovido pelo Hawaii Shark
Encounters,
que fica localizado justamente em Haleiwa, na North Shore havaiana. E dessa vez
eu estava com sorte, pois reservei o passeio justamente em um dia em que pôde
ser realizado, depois de duas semanas de cancelamentos seguidos por conta de
muita onda ou muito vento. Sem contar que a previsão pro dia seguinte era de
não acontecer novamente, pois estava entrando um dos maiores swell, com ondas
gigantes, na costa norte de Oahu.
Nós
chegamos por volta das 10:00, um pouco antes do horário, que era as 10:30 na
marina, com saída do barco as 11:00.
Marina de Haleiwa. |
O barco. |
O
encontro é em uma gaiola localizada cerca de 20 minutos de barco do píer de
Haleiwa. São grupos de aproximadamente 6 pessoas de cada vez, que entram na
gaiola e encaram frente a frente o “predador dos mares”. O nosso encontro
contou com sete tubarões galápagos, de aproximadamente três metros de
comprimento. Junto deles um pequeno sand shark, de cerca de um metro.
A
experiência é realmente incrível! Eu diria que é imperdível. Pode parecer
exagero, mas ter esse encontro, olho a olho, só demonstra o quanto somos
injustos com esses animais. Essa experiência desmistifica o papel de
“assassino” dada a essa espécie, que tem um papel muito importante no
equilíbrio de todo o ecossistema marinho. Na realidade, os tubarões não
costumam caçar, eles normalmente se alimentam pelo caminho mais fácil, comendo
coisas deterioradas ou caçando peixes machucados. A caça é o último recurso,
onde a presa normalmente é escolhida pelo tamanho, preferencialmente muito
menor que a do tubarão em questão. Até porque a média da refeição é de apenas 1%
dos seus pesos, que ajuda a manter a energia pra que eles possam nadar cerca de
60 milhas por dia.
Uma
verdade é que os tubarões são muito curiosos. E vale lembrar que eles não tem
mãos, então a boca é a saída pra identificar melhor as coisas. E mesmo eles
tendo uma visão até sete vezes melhor que a do ser humano, é sempre bom evitar
cair na água, porque acaba gerando bolhas e curiosidade. O ideal pra entrar na
água com tubarões é deslizando, sem gerar barulho e bolhas, onde o animal pode
identificar facilmente o ser humano, que não está na sua lista de refeição.
A
sensação é que a gaiola pouco importava pros tubarões, assim como a nossa
presença. Eles nadavam ao nosso redor sem nos dar a mínima importância.
Provavelmente a mesma reação aconteceria se estivéssemos sem as barras pra nos
proteger. Mas acho que ninguém ali estava disposto a se arriscar dessa maneira.
Na realidade, em Haleiwa existe a possibilidade de mergulho com cilindro com os
tubarões, fica a dica pra quem tiver interesse e a certificação.
Outro
ponto muito legal nessa experiência foi a de ouvir o canto das baleias humpack.
Primeiro eu pensei estar ouvindo o barulho da jaula, mas depois foi confirmado
ser o canto das baleias e consegui ouvir com maior nitidez. No caminho de volta
uma das baleias até chegou a aparecer uns cem metros a frente do nosso barco,
mas foi questão de segundos e logo sumiu pelo oceano.
Todas
as informações e conscientização foi passado pelo pessoal que nos guiava no
barco, que eram bem atenciosos e ressaltavam a importância de cuidarmos dos
tubarões. Eles frisavam a todo momento que o tubarão não é assassino, e que
esse papel está sendo muito bem representado pelo ser humano, exterminando os
tubarões dos mares. Anualmente o homem mata milhares de tubarões, enquanto
houveram apenas 98 ataques de tubarões aos seres humanos em 2015. Desses
ataques, uma pequena minoria acaba em morte.
Alguém duvida que tubarões não são perigosos? Segue uma página do livro SuperFreakonomics. |
Em
resumo, recomendo muito esse passeio a todos que estiverem passeando pela ilha
de Oahu. É uma experiência completa!
No
barco haviam dois guris trabalhando, e um deles viu a minha bermuda, da
academia onde treino jiu jitsu, e brincou se eu ia dar um mata leão no tubarão
ou então trocar uma chave de braço por chave de barbatana. Nisso o outro guri
veio conversar comigo, porque ele é filho de um brasileiro, o Heitor Fernandes,
que é shaper e foi há muitos anos morar no Hawaii.
Ele
veio conversar comigo, em uma mistura de inglês com português, me falou que a
mãe dele é de Floripa e em duas semanas estava indo pra lá visitar a vó, por
isso precisava treinar o português. E na conversa ele também comentou que dias
atrás o Carlos Burle estava na casa dele, e que o Sylvio Mancusi também era
amigo da mãe dele, e que nem sabia que os caras eram conhecidos no Brasil.
Me
comentou também que o pai dele é faixa roxa de jiu jitsu e foi uma das pessoas
responsáveis por apresentar a modalidade ao professor da Sunset Beach Jiu
Jitsu, a academia onde a galera da North Shore treina, sendo vários surfistas e
outros grandes nomes do meio do surfe. Eu até trouxe meu kimono pra dar um
treino ali na academia através de uma indicação, tentei contato só que até
então não tinha recebido nenhum retorno do professor. Foi legal que o outro
gurizão já tinha treinado e mandou uma mensagem pro professor dizendo que eu
estava na área e queria ir dar um treino por lá, ele respondeu que as portas
estavam abertas. Só que infelizmente o aluguel do carro encerra amanhã, e deve
rolar o Eddie Aikau, então a North Shore para e não deve rolar treino.
Sobre
o Quiksilver in Memory of Eddie Aikau, é um campeonato de ondas gigantes que
acontece na ilha de Oahu, mas em 31 anos essa seria apenas a 9ª edição, porque
precisa de uma ondulação muito grande. O campeonato ocorre em homenagem ao
Eddie Aikau, que foi o primeiro salva-vidas de Waimea Bay e um dos melhores big
riders do mundo. Segundo consta, ele e o irmão Clyde nunca deixaram ninguém
morrer enquanto eram salva-vidas. Além disso, surfou todos os maiores swell na
North Shore de 1967 até 1978. Justamente por isso que surgiu a expressão:
“Eddie would go!”.
Há
7 anos não rola o campeonato, mas estava sendo esperada a maior ondulação em 20
anos. Ainda bem que eu segui a dica do Kevin e agendei o passeio de tubarão pra
hoje, até porque os guris do barco confirmaram que nas duas últimas semanas não
tinha rolado passeio por conta do vendo e das ondas, e pra amanhã estavam
cancelando novamente.
Eu
voltei pra praia por volta das 13:00. Nesse meio tempo a Thay ficou
aproveitando a praia e dando uma volta por Haleiwa. Pegou um sol, viu a
brasileirada em peso por lá, até uma tartaruga chegou a ver.
Em
seguida fomos almoçar. Essa é uma vantagem de Haleiwa, enquanto a maioria das
outras praias é basicamente a beira-mar, a rodovia e casas, por lá tem um centro
com lojas e restaurantes, mas nada de muito exuberante, são construções de madeira
e coloridas. Algo simples, no bom estilo North Shore.
Nós
almoçamos no Pizza Bob’s. Eu peguei um Big Island Paniolo Burger e a Thay meia
Caesar Salad, ambos por U$ 12,00. Fechando a conta em uns U$ 30,00 ao incluir
as tips.
No
retorno passamos por Waimea Bay, que ainda não tinha tanta onda, mas já tinha
uma galera acampando na beira dos cliffs pra poder garantir a melhor visão do
campeonato que está praticamente confirmado pra amanhã.
Seguimos
até Pipeline, que até tinha ondas maiores que sábado, mas o mar estava bem
mexido e com pouca gente na água, só um surfista e três bodyboarders.
Fomos
então pra Sunset Beach, onde estava rolando algumas ondas. Ficamos um tempo
sentado ali na beira da rodovia, assistindo a galera surfar.
No
retorno ainda paramos mais um pouco em Kuilima Cove, no Turtle Bay Resort. E
depois seguimos nosso retorno pelo lado oeste da ilha, com mais uma parada
rápida em Kualoa Ranch.
Chegando
em Honolulu fomos jantar no Ala Moana Center e depois uma passada no Walmart,
que além de ser bom pra abastecer o estoque de comida, é um lugar bom pra
comprar lembranças e presentes por preços atrativos.
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