Essa
Olimpíada no Rio de Janeiro comprovou duas coisas: o pior do Brasil é o
brasileiro, assim como o melhor do Brasil é o brasileiro.
Há cerca de 20 dias atrás tínhamos uma massa brasileira criticando com todas as forças o que estava por vir. Era a população e a mídia unidas para justificar tantos erros pelos quais não deveria ter Olimpíada no Brasil em 2016. Muitos falavam que não deveriam ter os jogos por conta da crise econômica. Burrice. A nossa crise econômica foi e está sendo fortemente gerada por uma crise política. Seria justo os atletas pagando por erros dos políticos? Ouvi também que o brasileiro deveria boicotar os jogos e não comparecer nos eventos. Burrice novamente. Afinal, todo o valor já havia sido investido, não iriam cancelar os jogos, iria acontecer de qualquer maneira. Era a hora de aproveitar, não de reclamar.
Frente
a todas as críticas e comentários absurdos eu optava por duas coisas:
esclarecer e contrapor os tantos argumentos jogados no ar, ou me calar frente
aqueles que não valeria a pena gastar minha saliva frente as tamanhas asneiras
que falavam. Meu discurso era um, de que as Olimpíadas iriam acontecer, do
jeito brasileiro, com seus erros e acertos, e que deveríamos torcer para que
tudo desse certo e a população, os atletas e o mundo tivesse uma grande
experiência.
O Esporte:
Em
um país com tantas coisas a melhorar o esporte ainda é salvação! O esporte
ainda é redenção. O esporte ainda é alegria. O esporte é disciplina, respeito e
companheirismo. O esporte nos ensina a valorizar o esforço, mostra que é
somente nós que podemos buscar o resultado, que nada cai do céu e quanto mais
eu me dedicar, melhores são as chances de sair vencedor.
O
esporte é sim uma das maiores injustiças do mundo, pois são dezenas de
competidores e apenas um vencedor. Mas o esporte não faz diferença. É no
esporte que o negro, o branco e o amarelo tem chances iguais. O rico e o pobre
também. Os altos, gordos, magrelos, baixinhos, todos podem vencer. É uma
maneira de mostrar ao mundo que ter pré-conceito é uma ilusão, pois somos todos
iguais. É uma maneira de unir o mundo, onde diferentes modalidades são
praticadas por atletas de todos os continentes.
O Show Brasil:
Para
aqueles que apostavam na Olimpíada da vergonha, dos erros, da falta de
segurança, do zika vírus, dos transportes lotados, dos atrasos, grandes gastos
e até ataque terrorista... aquele abraço!
O
Brasil mostrou que pode recepcionar o maior show do mundo! O brasileiro mostrou
que tem paixão! O povo se solidarizou com os atletas, vibrou, vaiou, cantou,
dançou e festejou. Ensinou aos gringos como torcer e encantou a grande massa do
mundo, surpreendeu as grandes potências esportivas do planeta. Michael Phelps,
Novak Djokovic, Usain Bolt, Simone Biles, Serena Williams, entre tantas outras
estrelas, provaram e aprovaram o jeitinho brasileiro de torcer.
A
Rio 2016 teve gastos próximos às edições de Londres 2012 e Pequim 2008. Ainda
serviu de modelo paras as próximas edições, que vão ter na edição do Rio de
Janeiro o modelo para uma organização mais enxuta e sustentável. Se algo foi
desviado nesse montante? Fica na consciência de quem o fez. Mas como destacou
Thomas Bach, presidente do COI, o Brasil mostrou que é possível ter uma
Olimpíada sem parar o entorno, enfrentando todos os desafios do dia a dia de um
país como o nosso.
A Potência EUA:
Há
quatro anos atrás eu escrevi o seguinte texto: TUDO ERRADO! Criticando o
incentivo ao esporte no nosso país, que deveria começar em nós, dentro das
nossas casas.
Sim,
precisamos comemorar o nosso melhor resultado em Olimpíadas! Tanto no número
total de medalhas, como no número de douradas. Mas será que não podemos ir além
disso?
Tem
quem sinta uma vergonha do 7x1, mas se conforma e nem dá bola pra um Estados
Unidos com 121 medalhas no total, sendo 46 de ouro, frente a um Brasil que
ganhou 19 medalhas no total, com 7 de ouro. Sendo que os Estados Unidos têm 320
milhões de habitantes em 9,4 milhões de km², e o Brasil com 205 milhões de
habitantes em 8,5 milhões de km². Países que se assemelham muito. Mas por que
tanta diferença a nível de resultado nos esportes?
Podemos
colocar a culpa na política, na economia, na desigualdade e até nos portugueses
de 500 anos atrás. Mas nos Estados Unidos o aluno já vai pro Ensino Médio sob
uma observação minuciosa das suas habilidades, vislumbrando potenciais atletas.
Os pais incentivam, as escolas incentivam e o governo incentiva. Enquanto no
Brasil, nenhum dos três incentiva! Quantos Michael Phelps, que tem o corpo
feito pra natação, de repente não estão assentando tijolo em algum lugar por aí
nesse Brasilzão? Quantas Simone Biles não estão dentro de um escritório?
Quantos Kevin Durant podem estar agora numa moto fazendo tele entrega?
“Eu acredito”:
Assim
como a torcida gritava nas arquibancadas em momentos de dificuldade, eu ecoo a
mesma frase: eu acredito! Assim como eu, e milhões de brasileiros, acreditamos
no nosso país frente a uma responsabilidade tão grande, eu continuo acreditando
que o esporte pode ser mais forte. E o esporte mais forte pode ajudar a mudar o
nosso país pra melhor. Muito melhor!
Eu
tenho a esperança de um legado. Que esses Jogos Olímpicos tenham servido pra
conhecermos o rugby sevens, o badminton, o polo aquático. Nem precisamos falar
do tiro, canoagem e ginástica artística, que já somos bronze e prata!
Precisamos abrir o nosso leque de esportes, mas sem esquecer os que já nos
orgulham. É necessário acreditar e incentivar. Por isso eu clamo aos pais,
coloquem seus filhos praticar algum tipo de esporte. Por isso eu clamo as
escolas, incentivem e eduquem seus alunos a praticarem esporte. Por isso eu
clamo aos governos e entidades privadas, incentivem o esporte! Tudo isso é um investimento.
Um investimento em um Brasil melhor. Se começarmos agora, em 4 anos já teremos
algum resultado, que pode ser ainda maior daqui 8 anos e maior em 12.
Parabéns
aos atletas! Parabéns ao Rio de Janeiro! Parabéns brasileiros!
A
festa foi lindíssima! Já deixou saudades!
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