Eu posso dizer que essa foi uma das minhas piores
noites em Sydney. Não sei se é o nervosismo da volta, ou realmente a infecção
alimentar que nos atinge há alguns dias, mas passei a noite inteira sem
conseguir dormir bem por causa das dores no estômago.
Acordamos as 5 e pouco e começamos os preparativos
finais pra seguir pro aeroporto. No breakfast não consegui comer nada, de tão
mal que estava do estômago. Se enfrentar 30 horas entre vôos e aeroportos é
ruim, já imaginou enfrentar essas mesmas 30 horas mal da barriga?
Enfim, chegou a nossa hora. Seguimos pros carros
rumo ao aeroporto. As malas foram no carro do Silveira e nós fomos no carro da
Joanna. Mal saímos e a Thay já começou a chorar. Chegamos no aeroporto, nos despedimos
dessas pessoas, que mais uma vez devo falar, foram muito especiais nas nossas
vidas. São amizades que surgem de repente e logo se tornam algo maior, passa a
ser irmandade. São aquelas pessoas que sabemos que sempre vamos poder contar,
pois em um ano nos ajudaram sempre que podiam. São pessoas que o convívio foi
especial. Todas as jantas, horas na praia, no trabalho ou aonde quer que seja.
Foram todos momentos de diversão e em ótima companhia!
Preparando para foto. |
Kimura e Nina. |
Triste ver esse trio se separando.
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Depois da parte mais difícil nesse 1 ano fora, eu e
a Thay seguimos para o check in da LAN. Foi o check in mais demorado da minha
vida. O que geralmente acontece em 5 minutos levou quase uma hora. Devido a LAN
e a TAM serem a mesma empresa agora, não estavam conseguindo achar a nossa
passagem devido a troca do sistema. E pra piorar, era o primeiro dia da senhora
que estava nos atendendo. Ficamos ali esperando, e como ela mesma falou,
tivemos sorte por eu ter os dados impresso comprovando que estávamos naquele
voo. Espera. Espera mais um pouco. E espera um pouco mais. Despacha as malas,
que por sinal tinha uma com 1 kg a mais, que tivemos que realocar na bagagem de
mão. Depois de quase uma hora recebemos os boarding pass e eu pude correr pra
pagar a bagagem extra, já que estava levando as pranchas comigo. Faltava menos
de uma hora pro embarque e a fila pra entrar na área de embarque já estava
enorme, mesmo pro lado de fora. Lá dentro, pra passar pela imigração de saída
então devia estar com fila de mais de hora. Fui lá e paguei os U$ 180,00 da
bagagem extra, levamos a prancha nas bagagens extra size e já estávamos
desesperados, pois seria impossível passar a tempo do voo. No entanto, a
senhora nos entregou um express pass e pegamos uma fila bem menor tanto na
imigração como no raio-x.
Na hora do raio-x também perdemos alguns minutos,
pois tínhamos muita coisa nas mochilas e malas de mão. Tivemos que passar as
coisas umas 2 vezes cada um. Em seguida saímos de pressa para o portão de
embarque, onde já estava formada a fila para embarcar no avião.
Entramos no avião, mas nossos assentos eram
separados. No entanto, colocaram a gente na primeira fileira após os banheiros,
onde tem as saídas de emergência, então tinha bastante espaço na nossa frente e
não precisava ficar com as pernas exprimidas. O ponto ruim é que a Thay estava
em um bloco de assentos e eu no de trás. O ponto bom é que o banheiro era logo
em frente. E devido ao fato de não estarmos 100% devido à intoxicação alimentar,
esse fator poderia ser de extrema importância.
Fiquei lá atrás verificando se não liberaria, ou
conseguiria negociar, um lugar do meu lado. Enquanto isso eu só vi uma aeromoça
indo falar com a Thay. Como ela não parava de chorar, a aeromoça foi pedir se
estava tudo bem e em seguida levou uma água e umas balinhas pra ela se acalmar.
Fecharam as portas e o assento ao meu lado ficou
vazio. Chamei a Thay, mas logo após a decolagem verificamos que a tela daquele
lugar não funcionava. A Thay achou melhor então ir pro lugar dela, que pelo
menos teria algo para se entreter.
Eu aproveitei e assisti uns episódios do Friends e
um filme. Quando vi, já tinham passado as 3 horas e meia e estávamos descendo
em Auckland. Mesmo o voo seguinte sendo no mesmo avião, precisamos sair e
embarcar novamente. Descemos no aeroporto, ficamos esperando um pouco para
embarcarmos novamente. Ficamos por ali esperando, até porque o voo atrasou um
pouco.
Embarcamos novamente,
rumo a Santiago do Chile. 12 horas direto de viagem. Logo teve um
“almoço-janta”, as janelas foram todas fechadas e novamente me agarrei aos
vídeos e seriados, entre Friends, Two and a Half Men e Simpsons. Por algumas
vezes também passaram com opções de bebidas e uma vez com sorvete. Pelo cansaço
de quase não ter dormido na noite anterior e mais os remédios pro estômago,
acabei capotando por umas 4 horas.
Até que as 12 horas não foram tão maçantes assim. Mas o mais engraçado foi ter viajado todo aquele tempo e ter chego no mesmo dia, e ainda mais cedo do horário de saída da Nova Zelândia. Mas chegamos em Santiago atrasados. Chegamos e já fomos encaminhados para o próximo vôo, uma vez que o vôo para São Paulo estava apenas aguardando o pessoal do vôo anterior chegar para decolar.
O vôo seguinte foi tranquilo, menos de 4 horas e
chegamos em São Paulo. Podemos dizer que estar de volta é no mínimo estranho.
Após 1 ano fora, com passagem por 9 países diferentes, chegar no nosso país de
origem é estranho. A primeira diferença é ter a maioria das pessoas falando
português e saber que conseguimos falar com praticamente todo mundo na nossa
língua nativa.
Andes. |
Desembarcamos, passamos pela imigração de chegada e
em seguida pela alfândega. Saímos da área de embarque e fomos para o check in
da TAM. Despachamos as bagagens e no final a Thay falou “Thank you!” para o
moço que nos atendeu. Seguimos pelo aeroporto e logo me deparei com outra
situação estranha em estar de volta. Notei que o fluxo de pessoas caminhando na
direção contrária a nossa era muito grande. Logo me liguei que estávamos
caminhando na mão inglesa. Apesar de não ser no trânsito, mas estávamos
acostumados ao dia a dia na mão contrário do Brasil. Assim que nos demos conta,
começamos a caminhar do lado correto.
Continuamos caminhando e outro ponto chamava a
nossa atenção, ou melhor, os nossos ouvidos. Ouvíamos as pessoas falarem
português e logo virávamos pra ver as pessoas. Como não era comum ouvir as
pessoas falando português nesse último ano em lugares públicos, sempre que
ouvíamos alguém, automaticamente dávamos uma conferida. Um pouco complicado
fazer isso onde todo mundo fala. Mas aos poucos a reação natural foi
diminuindo.
Seguimos para a área de embarque novamente.
Infelizmente chegamos a conclusão de que esse foi o pior aeroporto entre todos
os outros que passamos na nossa viagem. Por todos aeroportos que passamos,
nunca nos vimos em dificuldade em relação a língua, pois todo mundo falava pelo
menos o básico pra nos dar uma informação correta. Triste ver aqui no Brasil
muitos estrangeiros passando por mal bocados porque muitos funcionários do
aeroporto não tem nem o básico do básico do inglês.
Além disso, chegamos no nosso gate e conseguimos um
lugar pra sentar. Mas logo começou a encher de gente e a grande maioria das
pessoas se obrigou a ficar em pé. Situação que em momento algum chegamos perto
de passar nos outros lugares, onde sempre sobravam assentos para ficar sentado
esperando a hora do vôo. Imagina ter que esperar umas 2 horas até a hora do vôo
em pé? Felizmente nós conseguimos lugar pra sentar, porque depois da maratona
de vôo, estávamos exaustos. Mas havia um senhor de muleta esperando em pé e
achei melhor ceder meu lugar pra ele, até porque estava cansado de tanto ficar
sentado nas últimas horas.
Depois da espera desorganizada no nosso portão de
embarque, chegou a hora do nosso vôo. Seguimos para uma fila desorganizada,
pegamos o ônibus e embarcamos no ultimo avião da saga. O avião decolou era
quase meia noite. A Thay estava tão cansada que nem viu nada, sentou na
poltrona e apagou.
Chegamos em Porto Alegre por volta da 1am. Nossas
malas foram umas das últimas a aparecer na esteira. Empilhamos todas as nossas
coisas e seguimos para saída. Nessa hora o coração estava a mil, ansiosos pra
ver a família. Quando saímos, uma grande surpresa!!! Ninguém estava lá pra nos
receber.
Saímos, olhamos ao redor e nada! Ficamos
preocupados. Fui até um telefone público e liguei pro meu pai, que nos falou
que estavam trancados na estrada, por causa de um caminhão que havia capotado e
trancado tudo. Detalhe, o caminhão capotou era ainda 5 da tarde. Não tínhamos
muito opção a não ser sentar e esperar eles, que não faziam idéia de que horas
conseguiriam se liberar. Confesso que nessa hora a vontade que deu era de pegar
um vôo diretamente de volta pra Sydney.
Como já estávamos acostumados, pegamos as nossas
coisas e deixamos perto das cadeiras, onde sentamos e ficamos esperando. Eu
aproveitei pra deitar e dormir. Era mais de 2am quando eles chegaram e dessa
vez uma surpresa boa... como eles foram de van, foi quem eles falaram que ia e
de surpresa levaram a minha vó e os nenês: o Gui e o Dudu!
Depois de rever e dar oi pra família, seguimos para
a última parte da viagem: mais 2 horas de van até Caxias do Sul. A essa altura
2 horas de viagem são praticamente nada. Logo chegamos em Caxias e nos
deparamos com outra situação estranha: eu segui para a minha casa com os meus
pais e a Thay seguiu pra casa dela com os pais dela. Após 1 ano morando juntos,
é estranho seguir um pra cada lado.
Enfim, chegamos ao ponto final da nossa viagem! 1
ano que passou voando e chegamos de onde havíamos partido. Se valeu a pena?
Muito. Muito mais do que teríamos imaginado no mais otimista dos nossos sonhos.
Como eu sempre falei ao pessoal, uma das melhores partes do intercâmbio é
voltar com o sentimento de dever cumprido!
Nessa hora tudo se resume em apenas uma palavra:
OBRIGADO!
Obrigado a
todos aqueles que nos ajudaram a fazer esse sonho virar realidade.
Especialmente os nossos maiores apoiadores: PAIS e MÃES!
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